Por Luís Piassi (USP), Emerson dos Santos (UNIFESP) e Rui Vieira (UNIFESP).
A “Banca da Ciência” é um projeto de ciência móvel, que emprega estruturas similares a banca de jornal e outros materiais simples de exibição para levar a ciência a locais públicos como parques, escolas e eventos. O projeto possui como princípios (1) o uso de materiais simples, familiares e de baixo custo para a produção de modelos físicos; (2) a conexão com manifestações culturais e debates sociais relacionados à ciência, sobretudo pelo emprego de recursos artísticos e midiáticos e (3) o aspecto lúdico, com o uso de jogos, recreação e recursos de entretenimento. Desde 2013, temos realizado intervenções diretamente em escolas, envolvendo professores no desenvolvimento de projetos com os estudantes. Estabelecemos o trabalho em duas modalidades: JOANINHA para crianças entre 4 e 7 anos de idade da educação infantil e início da alfabetização, e ALICE, voltado para pré-adolescentes entre 11 e 14 anos, nos anos finais do ensino fundamental.
Na modalidade JOANINHA, realizamos atividade com teatro de fantoches, jogos lógicos, canções, fantasias, brinquedos e montagens, abordando temas como a exploração do espaço, robôs, direitos animais e a mulher na ciência. O projeto prevê também a participação das famílias em oficinas e no suporte às crianças na preparação de materiais de exposição. Na modalidade ALICE, abordamos temas similares adaptados aos interesses dos adolescentes, com series de televisão, canções de pop-rock, robôs artesanais, experimentos simples, encenações de humor, livros de ficção científica e fantasia e assim por diante. E ambas as modalidades, promovemos uma exibição final para os alunos da escola, familiares e comunidade escolar.
O projeto visa verificar em que medida o modelo proposto de intervenções não-formais possui efetividade para incentivar o desenvolvimento de projetos escolares de ciências. A medida dessa efetividade envolve diversos aspectos. Nesse sentido, o foco se dá verificação dos resultados das atividades, examinando-se e viabilidade da intervenção, o engajamento dos estudantes e a manifestação dos saberes, por meio de análise semiodiscursivas das narrativas, baseados em eventos verificáveis. Com isso, objetivamos avaliar se as intervenções produzem os resultados pretendidos que não são focados apenas no desenvolvimento de conceitos, mas nas conexões dos conhecimentos da ciência com aspectos socioculturais considerados relevantes.
De uma perspectiva mais ampla, desejamos também avaliar de que forma a parceria escola-universidade é capaz de apresentar resultados efetivos, ainda que escala piloto, que são sirvam como referência a políticas públicas, tais como os projetos interdisciplinares de extensão do tempo escolar, ou mesmo ou mesmo possíveis incentivos a uma maior participação das famílias nas especificidades da educação escolar. Os resultados até o momento apontam na efetividade de tais articulações de recursos e iniciativas, sobretudo no aspecto de promover projetos de ciência de caráter social e cultural nas escolas, estimulando o engajamento de professores e estudantes.
——————–
1 Apoio: convênio de Cooperação Acadêmica Internacional entre a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto – FCUP e a EACH-USP, na área de Ensino e divulgação das Ciências, com reconhecimento mútuo de estudos de graduação, por meio do Processo 2015.1.2214.86.1 e E-convênio-39021. Financiamento: CNPq.