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Boas práticas na Divulgação das Ciências (Geologia / Física e Astronomia)

Por Rui Dias – Departamento de Geociências, Universidade de Évora & Daniel Folha – Planetário do Porto – Centro Ciência Viva

Boas práticas na Divulgação das Ciências (Geologia)

Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos.

ANAïS NIN, escritora francesa (1903-1977)

Vivemos rodeados de informação. O vertiginoso desenvolvimento científico e tecnológico dos últimos 20 ou 30 anos levaram a que consigamos achar em segundos a resposta à generalidade das nossas questões. No entanto, incapazes de manipular as quantidades colossais de informação que nos rodeia, tendemos a confundir a rápida acumulação de informação com o lento processo de formação.

Esta tendência é particularmente nociva na divulgação da Geologia pois esta Ciência tem características próprias que dificultam o estabelecimento da comunicação entre o comunicador e o grande público. Com efeito, o gigantesco desfasamento entre o tempo geológico e a dimensão humana do tempo cria uma série de mal entendidos que, é fundamental ter em consideração para o sucesso de qualquer actividade de divulgação da Geologia. Com efeito, quando o geólogo utiliza palavras como viscoso, lento ou muito tempo, junto de um público não especialista, pode estar certo que do outro lado vão pensar em mel, caracóis e alguns séculos. E enquanto esta dificuldade persistir nunca será possível divulgar eficazmente processos geológicos, em especial os associados à “lenta” Tectónica de Placas.

Deste modo, se as boas práticas em qualquer acção de divulgação científica, implicam que esta nunca pode estar limitada a uma mera apresentação de factos/experiências, em Geologia esta limitação é mais grave pois poderá levar à transmissão de conceitos profundamente errados. Pensamos ser fundamental nas acções de divulgação da Geologia garantir dois aspectos:

– Escolha cuidadosa dos conceitos que se pretendem transmitir de modo a ser possível seleccionar actividades / experiências adequadas sem perigo de originar mal entendidos na emissão – recepção da mensagem;

– Preparação cuidadosa dos comunicadores de ciência que irão participar na actividade tendo em vista assegurar que eles compreendem perfeitamente todos os conceitos utilizados.

Assim como uma casa é feita de tijolos, a ciência é feita de factos. Mas assim como uma pilha de tijolos não é uma casa, um amontoado de factos não é Ciência.

JULES POINCARÉ, matemático, físico e filósofo francês (1854-1912)


Boas práticas na Divulgação das Ciências (Astronomia e Astrofísica)

Duas mensagens para levar para casa:
– ligação emocional (positiva) entre os participantes em ações de divulgação e a temática divulgada.
– descompartimentação do conhecimento e do saber fazer, sem perder o foco no que se pretende divulgar.

Uma ação de divulgação funciona? Só se pode saber se funciona se se começar por definir objetivos, que podem ser distintos dependendo do público alvo, e se a ação for avaliada face aos objetivos definidos.

Serão utilizados exemplos de ações de divulgação e ensino informal de astronomia e astrofísica no Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, em diferentes contextos, nomeadamente uma oficina pedagógica, um workshop e uma sessão de planetário, para ilustrar os dois pontos chave da apresentação.


@ 2017 EEDC - III Encontro em Ensino e Divulgação das Ciências