Por António Granado – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Nos últimos anos, o jornalismo tem vivido tempos muito difíceis. A falência do modelo de negócio dos órgãos de comunicação tradicionais reflectido na queda das tiragens dos jornais, por exemplo tem obrigado ao corte de inúmeros postos de trabalho em todo o mundo, com as consequências que se conhecem para a própria qualidade do jornalismo.
Esta espiral negativa tem afectado também, e de que maneira, o jornalismo de ciência que é praticado na maioria das redacções. Pressionados pela necessidade de cativar audiências online, os órgãos de comunicação privilegiam os textos leves, facilmente partilháveis nas redes sociais, longe da ciência que se faz nos laboratórios e nos institutos de investigação.
A aposta nas ³breaking news² e no jornalismo de secretária, para alimentação constante de websites que vivem do clique, afasta os jornalistas de ciência dos cientistas e do trabalho que eles realizam, reduzindo drasticamente a publicação de reportagens ou de perfis, géneros jornalísticos mais completos e de maior profundidade.
Perante esta situação, o que podem fazer universidades e instituições que se dedicam à ciência? Como fazer chegar à sociedade o trabalho que todos os dias ocupa milhares de investigadores e que pode contribuir para uma maior literacia científica das populações? Perguntas que não têm uma resposta fácil, nem se resolvem com uma receita universal.