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Neurodidática das Ciências: Mudança Concetual e Mecanismos Cerebrais

Por Luís Calafate – Departamento de Biologia, Universidade do Porto

 

O conhecimento de como o cérebro aprende pode ter um grande impacto na educação. Por exemplo, a compreensão dos mecanismos do cérebro que estão na base da aprendizagem e da memória pode, eventualmente, ser transformada em estratégias educacionais (Blakemore & Frith, 2009). Todavia, segundo Wolfe (2004), há quem considere que ainda é prematuro aplicar os resultados da investigação sobre o cérebro na sala de aula.

Atualmente, com o progresso da Informática, das Ciências Cognitivas e das Técnicas de Imagiologia Cerebral é possível obter imagens relativamente à atividade dos neurónios nas mais variadas regiões do cérebro. Segundo Houdé (2014), os novos resultados apontam para uma descoberta surpreendente: “para pensar bem é necessário, algumas vezes, desencadear mecanismos cerebrais de inibição cognitiva”. Ora, o conceito de inibição é pouco utilizado na investigação em Didática das Ciências (Masson, Potvin, Riopel & Brault-Foisy (2014).

Na área da Didática da Ciências há uma evidência crescente de que não é meramente a ausência de operações mentais apropriadas, de conceitos ou de capacidades que influencia a aprendizagem mas também a presença de teorias, informações ou capacidades adquiridas previamente e que podem ser incorretas ou aplicadas de modo inapropriado. Neste âmbito, no decorrer dos últimos 30 anos, foram elaborados diferentes modelos de mudança concetual.

Nesta sessão plenária abordaremos estudos recentes na nova área da Neurodidática das Ciências que visam compreender de que forma mecanismos fundamentais da aprendizagem podem ser desenvolvidos para favorecer a mudança concetual.

 

Bibliografia

  • Blakemore, S.-J. & Frith, U. (2009). O Cérebro que Aprende. Lições para a Educação. Lisboa: Gradiva.
  • Houdé, O. (2014). Apprendre à Résister. Paris: Le Pommier.
  • Masson, S., Potvin, P., Riopel, M. & Brault-Foisy, L-M. (2014). Differences in brain activation between novices and experts in science during a task involving a common misconception in electricity. Mind, Brain, and Education, 8 (1): 44 – 55.
  • Wolfe, P. (2004). Compreender o funcionamento do cérebro e a sua importância no processo de aprendizagem. Porto: Porto Editora.

@ 2017 EEDC - III Encontro em Ensino e Divulgação das Ciências